A operação foi realizada em Água Fria de Goiás em que os trabalhadores eram obrigados a pagar por seus próprios materiais e trabalhavam de forma precária
A Souza Paiol – maior fabricante de cigarros de palha do Brasil –, foi responsabilizada por manter 116 trabalhadores escravizados. O flagra ocorreu durante uma fiscalização trabalhista em uma fazenda em Água Fria de Goiás, a 140 quilômetros de Brasília. As pessoas, que incluíam cinco adolescentes, um de apenas 13 anos, não tinham nenhum direito trabalhista, dormiam em alojamentos péssimos e não recebiam equipamentos de proteção.
Além disso, os trabalhadores eram obrigados a pagar pelos materiais de trabalho que deveriam ser dados pela empresa, como as facas usadas para separar a palha da espiga, as pedras para amolá-las e até as fitas adesivas usadas por eles para protegerem os dedos. O empresário José Haroldo, que se autodenomina “matuto” e “esperto”, é o responsável pela Souza Paiol.
Abusos trabalhistas
Segundo o auditor-fiscal do trabalho, Marcelo Campos, que coordenou a operação feita pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), eles temiam sofrer um mal súbito, já que recebiam apenas uma marmita no dia, com uma refeição precária.
Eles também não recebiam itens de higiene básicos, como sabão ou papel higiênico. Durante a colheita, em plena pandemia, precisavam beber água da mesma garrafa. Os alojamentos eram superlotados e grande parte dos trabalhadores não tinha tomado vacina contra a Covid-19. Se ficassem doentes e não trabalhassem, era descontado R$ 15 pela marmita.
A operação de resgate começou em 13 de outubro e foi encerrada na quarta-feira (20), os trabalhadores receberam as indenizações, pagas pela Souza Paiol, que somadas chegam a R$ 900 mil.
Assessoria MPF