A agência norte-americana encarregada de avaliar medicamentos, a Anvisa dos EUA, rejeita fortemente medicamento divulgado por Bolsonaro
A Food and Drug Administration (FDA), que faz o papel da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos Estados Unidos, alertou, na manhã deste sábado (21/8), sobre o uso de ivermectina para tratamento da Covid-19. O remédio foi amplamente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tratar a doença, apesar de não haver comprovação científica nesse sentido.
“Você não é um cavalo. Você não é uma vaca. Sério, pessoal. Pare com isso”, advertiu a agência norte-americana, em uma rede social, ao compartilhar um artigo com o título “Por que você não deveria usar ivermectina para tratar ou se prevenir da Covid-19”.
No texto (leia aqui a íntegra, em inglês), a FDA informa ter recebido vários relatórios de pacientes que necessitaram de assistência médica e foram hospitalizados após se automedicarem com ivermectina destinada a cavalos.
“Há muita desinformação por aí, e você deve ter ouvido que não há problema em tomar grandes doses de ivermectina. Isso está errado”, complementa. A agência mostra também que até mesmo os níveis de ivermectina para usos aprovados podem interagir com outros medicamentos, como anticoagulantes.
“Também pode haver uma sobredosagem com ivermectina, que pode causar náuseas, vómitos, diarreia, hipotensão (tensão arterial baixa), reações alérgicas (comichão e urticária), tonturas, ataxia (problemas de equilíbrio), convulsões, coma e até morte”, detalha.

Propagandeada pelo presidente Jair Bolsonaro, a cloroquina não tem sua eficácia contra a Covid-19 comprovadaReprodução/Twitter

Bolsonaro faz live tradicional de quinta-feira e exibe a cloroquinaReprodução/Redes sociais
Os medicamentos do chamado Kit Covid são defendidos pelo governo federal. Bolsonaro ergue caixa de cloroquina a apoiadores no Palácio da Alvorada em julho de 2020Igo Estrela/Metrópoles

Nessa terça-feira (17/8), o presidente negou ser charlatão ou curandeiro por ter divulgado suposto “tratamento precoce” contra o novo coronavírus. O mandatário da República disse ter oferecido apenas uma “alternativa”.
“O que foi que eu fiz: eu busquei maneira de atender ao povo. Mas não eu, capitão, o presidente Jair Bolsonaro. [A decisão foi tomada] junto com médicos, junto com embaixadores pelo mundo afora que nós temos. Não é que sou o charlatão, o curandeiro, nem inventei nada. Eu dei uma alternativa”, disse o presidente, em entrevista à Rádio Capital Notícia, de Cuiabá (MT).