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O chanceler do país, Alexander Schallenberg, ao justificar a decisão, afirmou que o país “está prestes a cair em uma pandemia dos não vacinados”
O governo da Áustria decidiu radicalizar com as pessoas que não se imunizaram contra a Covid-19. Uma das medidas a ser adotada é o lockdown para aqueles que não se vacinaram.
A nova medida sanitária do governo austríaco vai funcionar da seguinte maneira: quando mais de 600 leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) estiverem ocupados por paciente acometidos pela Covid-19, as pessoas não vacinadas só poderão sair de casa em casos excepcionais, tais como fazer compras e trabalhar.
Ao justificar a medida, o chancelar da Áustria, Alexander Schallenberg, declarou que o país está “prestes a cair em uma pandemia de não vacinados”.
Segundo informações da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, cerca de 61,5% da população está completamente imunizada contra a Covid.
Além disso, o chanceler descartou novos lockdowns que envolvam a população como um todo.
“As decisões que tomamos hoje não têm efeito sobre aqueles que foram vacinados. Há muitas responsabilidades sobre os ombros. Como chanceler, não permitirei que o sistema de saúde fique sobrecarregado porque ainda temos muitos hesitantes e procrastinadores”, disse o Chanceler.
A oposição criticou as medidas anunciadas pelo governo da Áustria e afirmou se tratar da “privação da liberdade” e que visa “coagir as pessoas a se vacinarem”.
Com informações do Poder360
São muitos nomes, muitas “nossas senhoras”. Mas elas todas se referem a uma mesma pessoa, uma mesma santa católica?
A resposta é sim. O que significa que Nossa Senhora Aparecida, cuja data se comemora em 12 de outubro é uma representação diferente da mesma santa que também pode ser chamada de Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Lourdes e tantas outras.
Trata-se de Maria, uma jovem judia nascida em Nazaré há pouco mais de 2 mil anos, quando essas terras ao sul de Israel eram parte do Império Romano. Para o cristianismo, ela tem papel fundamental: tornou-se a mãe de Jesus Cristo.
Chamada de virgem por dois dos evangelistas, Mateus e Lucas, acredita-se que ela tinha cerca de 15 anos quando ficou grávida — pela doutrina cristã, por obra do Espírito Santo, ou seja, sem ter tido relações sexuais com homem algum. Na época, Maria já estava prometida em casamento a José, um carpinteiro da mesma cidade, mais velho, já na casa dos 30 anos.
Fato é que desta gravidez nasceria Jesus, o pilar fundador do cristianismo. Mas por que a tradição católica não rende a essa mulher apenas o título de Santa Maria, e são tantas as representações dela pelo mundo?
“Os nomes dedicados a Nossa Senhora dependem muito da forma como ela apareceu. Normalmente são dados pelo nome do lugar onde ela apareceu ou pelas condições em que se deram o aparecimento”, esclarece o padre Arnaldo Rodrigues, assessor da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Conforme explica a cientista da religião Wilma Steagall De Tommaso, coordenadora do grupo de pesquisa Arte Sacra Contemporânea – Religião e História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro do Conselho da Academia Marial de Aparecida, essas nomenclaturas acabam variando a “cada povo, cada região, cada cultura”, por conta de “títulos que correspondem aos eventos decorrentes de inúmeras situações”.
Ela lembra que muitos desses títulos são os chamados dogmáticos. É de onde vem, por exemplo, a nomenclatura de Nossa Senhora da Imaculada Conceição — bula assinada pelo papa Pio IX “declara Maria imune da mancha do pecado original”, ressalta a pesquisadora — ou mesmo a ideia de chamá-la de Virgem Maria, já que “o Concílio de Latrão, em 649, preconiza como verdade a virgindade perpétua”, da mãe de Cristo.
“Há ainda as denominações decorrentes dos lugares onde houve uma manifestação que deu origem à devoção local, muitas vezes ampliada a outros povos e locais, como Aparecida, Guadalupe, Lourdes, Fátima, Loreto, Montserrat, etc.”, complementa ela.
“Nomes diferentes são atribuídos à Virgem Maria pois estão ligados ao lugar onde ela apareceu”, acrescenta a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. “Não existe algo que determine que ela precise, necessariamente, ‘ser batizada’ com o nome do território da visão, mas como inicialmente as aparições são uma manifestação de religiosidade popular, antes mesmo de passar por toda a análise canônica de praxe, é o povo que acaba difundindo, num primeiro momento, esses títulos.”
“Os tantos títulos que lhe dão todos têm uma razão. É Nossa Senhora de Fátima, porque apareceu lá. É Nossa Senhora do Bom-Parto porque auxilia espiritualmente as parturientes. É Nossa Senhora do Bom-Conselho porque tem sempre uma orientação a dar aos seus filhos”, afirma o pesquisador José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará. “E todos esses títulos são de uma só mãe, porque é mãe de toda a humanidade e em todos os lugares, os povos a chamam e representam conforme seus costumes, suas tradições. É claro que para uma veneração pública é necessária a aprovação da Igreja.”
A devoção a Nossa Senhora, contudo, remonta ao princípio do cristianismo. Por princípio, a ideia é que ela funcione como um canal direto ao próprio Cristo — dentro da premissa que pedido de mãe ninguém nega.
Uma passagem importante do próprio evangelho reforça essa ideia. Trata-se da narração do milagre das bodas de Caná, que aparece exclusivamente no texto de João, no qual Jesus faria aquele que é considerado seu primeiro milagre.
Na festa de casamento, onde ele estava junto a sua mãe como convidado, os anfitriões notam que havia acabado a bebida. Maria chama Jesus de lado e explica o drama. Ele, então, transforma água em vinho e garante a continuação da celebração.
“Seria um escândalo para o casal se acabasse a bebida antes de a festa terminar. Quando Maria pede a Jesus que tome uma providência, fica importante o papel dela como intercessora”, analisa padre Rodrigues.
A devoção mariana também se baseia em outro momento dos textos bíblicos. Quando Jesus está agonizando na cruz, segundo o relato, ele teria dito algumas palavras para sua mãe e também para seu apóstolo João. Ali, teria utilizado o seguidor como representante toda a humanidade, considerando Maria a mãe dele — e, por extensão, a mãe de todos.
“Nesta ação, João representa toda a humanidade. Maria se tornou a mãe nossa. A nova Eva, uma Eva livre do pecado, como a Igreja nos ensina. Assim, Maria Santíssima cuida da humanidade como mãe e mãe zelosa”, analisa o hagiólogo Lira.
Segundo estudos do padre Valdivino Guimarães, mariologista e ex-prefeito de Igreja do Santuário Nacional de Aparecida, os registros mais antigos dessa crença no poder da mãe de Cristo remontam ao século 2. “Indícios arqueológicos demonstram a veneração dos primeiros cristãos. Nas catacumbas de Priscila, se vê pinturas marianas do segundo século, em local onde os primeiros cristãos se reuniam”, afirma ele.
“Nas catacumbas, encontramos o afresco considerado, até agora, a mais antiga imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus”, comenta De Tommaso. “Esse afresco deixa evidente que os primeiros cristãos entendiam que a vinda de Jesus fora prenunciada nos livros sagrados do povo hebreu. E Maria, a mulher que disse o sim e que tece em seu ventre o corpo do Salvador. Há um ícone muito antigo conhecido como Maria, a tecelã.”
A mais remota das aparições remontam ao ano 40 e seria um episódio de bilocação, na verdade, pois Maria ainda era viva. Segundo a tradição cristã, ela teria aparecido ao apóstolo Tiago na atual cidade de Zaragoza, hoje Espanha, onde ele estava pregando. Fato é que há registros da construção de uma pequena capela ali, desde os primórdios do cristianismo.
Outro relato sempre citado por pesquisadores é o de Nossa Senhora das Neves, uma aparição de agosto de 352, em Roma. Foi por conta desse episódio que foi erguida a Basílica de Santa Maria Maior.
“Maria é venerada desde os primórdios do cristianismo. Em muitos escritos, e inclusive na própria iconografia primitiva, ela recebe um lugar de destaque. A mais antiga antífona mariana que se tem notícia é do século 2, que é chamada, em latim, de Sub tuum presidium, ou Sob tua proteção. O Concílio de Éfeso, em 431 d.C, analisa e aprova a tese teológica de que Maria também era mãe de Deus, entre outras atribuições que ocorreram mais à frente”, pontua Medeiros.
CRÉDITO,GETTY IMAGES
“O tema de Maria está presente em todos os períodos da história do cristianismo. Há uma tradição que aponta que a primeira aparição de Maria teria acontecido na Espanha, em 40 d.C, cujo vidente teria sido São Tiago, apóstolo de Jesus, considerado o evangelizador do território”, prossegue a especialista. “O título adotado foi o de Nossa Senhora do Pilar, já que, segundo o relato, Maria teria mostrado ao apóstolo uma coluna, pedindo que ele construísse um santuário naquele lugar.”
Ao longo dos séculos, contudo, esses relatos passariam a ser constantes. De acordo com padre Rodrigues, estima-se que hoje sejam cerca de 1,1 mil nomes pelos quais a santa é conhecida.
“Bom, falando do ponto de vista histórico, as aparições acontecem em períodos muito particulares”, diz Medeiros. “Não cabe a nós, enquanto historiadores, julgarmos se elas são verídicas ou não, mas o fato está que muitas acontecem em meio a um determinado contexto político-social. É o caso de Fátima, cuja mensagem é muito interessante, e condiz com a postura da que a Igreja vai adotar, frente ao comunismo, nos anos posteriores. Temos o caso de Aparecida, por exemplo, cuja imagem é achada em meio ao debate em torno da abolição da escravatura. Temos o caso de Guadalupe, onde a virgem Maria, com traços indígenas, é um símbolo da luta contra a desigualdade. E por aí vai.”
Mas nem sempre a Igreja aprova essas manifestações. “Nem todas as aparições que ocorrem hoje foram oficialmente reconhecidas pelo catolicismo. Há um protocolo a ser seguido. Sem contar que algumas são reconhecidas totalmente e diante de outras, ainda em fase de análise, foi permitida somente a liberdade de culto”, lembra ela. “O que a suposta Virgem Maria diz, no caso, precisa condizer totalmente com os princípios da Igreja Católica e até a idoneidade moral e psicológica dos videntes é analisada.”
Autora do livro 21 Nossas Senhoras que inspiram o Brasil, a jornalista Bell Kranz conta que a devoção mariana foi trazida ao Brasil já pelas esquadras de Pedro Álvares Cabral — em um dos barcos foi trazida uma imagem da santa. “[A tradição] chegou essencialmente pelos portugueses, pelos colonizadores”, explica. “O Tomé de Sousa [primeiro governador-geral do Brasil] chegou à Bahia já com uma imagem da santa na bagagem… Nossa Senhora da Conceição! E logo erigiu uma capelinha em Salvador, que hoje é a grande catedral Conceição da Praia [Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia].”
“Eu diria que o Brasil foi escolhido por Nossa Senhora, não é fanatismo dizer isso”, comenta Lira. Para ele, há uma “predileção especial de Nossa Senhora para com esta terra”.
“Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora das Candeias (a mesma da Candelária e da Purificação), Nossa Senhora Aparecida (que é a mesma Conceição), penso que são as mais importantes para o Brasil pela veneração que o povo lhes atribui”, acrescenta o hagiólogo.
“É claro que cada Estado brasileiro tem sua devoção. Por exemplo, na Bahia há uma forte devoção à Nossa Senhora da Boa-Morte. Em Minas Gerais, Nossa Senhora da Piedade que é a mesma Nossa Senhora das Dores e por aí vai. No Pará, em Belém, temos a linda manifestação à Nossa Senhora de Nazaré que anualmente leva milhões ao Círio de Nazaré. Aqui no Ceará é interessantíssima a devoção a Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, por exemplo. E qual a razão? Não dá para explicar concretamente. É algo meio que filial mesmo. Amor de filho à sua mãe e uma mãe que é mãe de todas as mães, pais e filhos.”
Kranz atenta para o fato de que, dada a religiosidade católica inerente à própria construção da nação brasileira, “desde a colonização, Nossa Senhora está presente em todos os momentos de nossa história”.
E a ligação brasileira com a santa é umbilical. Isto porque, como bem lembra a jornalista, em 1646 o então rei português dom João 4º”consagrou todo o reino, incluindo aí as colônias, a Nossa Senhora”. “Aí, 217 anos depois do descobrimento do Brasil, ela apareceu lá para os pescadores [Nossa Senhora Aparecida]”, acrescenta Kranz.
Maria se tornou “Nossa Senhora”, assim chamada, somente no fim do período medieval. Mas, historicamente, a Igreja já a reconhecia como “Mãe de Deus” muito antes — mais precisamente a partir do século 5, depois do Concílio de Éfeso, em 431. “[É quando] Maria recebe o título de Thotòkos, a Mãe de Deus, dogma que define explicitamente a maternidade divina de Maria. Daí em diante, ela passa a ocupar, por exemplo, o posto principal, o conteúdo da imagem do presépio se amplia e praticamente esse ícone resume a história da salvação”, esclarece De Tommaso.
De acordo com o mariologista Guimarães, Maria “ganha destaque sociológico, cultural e religioso” no período medieval. É quando ela adquire “caráter de poder”, tornando-se “aquela que destrói o mal”. Assume características fortes, “ganha rosto de rainha”. Assim, passa a ser invocada como “guerreira”, “a mulher que combate o mal e, com poder militar, destrói as heresias”.
“Maria passa da dimensão cultural para a política”, compara ele. “No período feudal, diante da opressão, Maria se torna a padroeira para os que nela buscam auxílio, e em troca de proteção, o fiel a louva com oração e atos de caridade.”
A santa passa a ser invocada “como a mãe que protege diante da ira de Deus, por algum pecado cometido, não só de forma individual mas também comunitária”.
“Com o surgimento das ordens mendicantes, Maria se aproxima das pessoas, ela é tirada do trono de realeza, onde fora colocada pela teologia monástica, e se faz irmã, pobre e vizinha das pessoas”, diz Guimarães.
Ao fim do período medieval, Maria já era um ícone consolidado dentro do catolicismo, tema constante das pregações e protagonista de tradições como medalhinhas, procissões, novenas e outras manifestações.
Edison Veiga
De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Redes do grupo de Mark Zuckerberg, Facebook, Instagram e Whatsapp operam instáveis. Pelo Twitter, políticos, como Lula, aproveitam para chamar internautas para grupos no Telegram
Um mega bug que começou por volta das 13h desta segunda-feira (4) gerou instabilidade e tirou do ar o Whatsapp, Instagram e Facebook, redes sociais que pertencem ao grupo comandado por Mark Zuckerberg.
Muitos internautas relatam que fizeram testes com suas conexões de internet antes de perceberem que o problema era das plataformas.
As plataformas já apresentaram instabilidade em outros momentos neste ano. Em agosto, o Facebook apresentou uma falha na plataforma de pesquisa do site.
No Twitter, políticos e celebridades estão aproveitando o bug para convidar os internautas para as redes do Telegram, que permanece no ar.
Novas descobertas científicas apontam que humanos chegaram às Américas pelo menos 7 mil anos antes do que se estimava anteriormente.
As pesquisas em torno do momento em que o continente americano passou a ser povoado a partir da Ásia despertam debates profundos há décadas. Muitos pesquisadores são céticos em relação às evidências da presença humana na América do Norte muito além de 16 mil anos atrás.
Agora, uma equipe de cientistas atuando no Estado do Novo México, no sudoeste dos EUA, encontrou pegadas humanas que foram datadas entre 23 mil e 21 mil anos atrás.
Essa descoberta tem o potencial de transformar o que se sabe e o que se pensa sobre quando o continente foi povoado. Ela sugere a existência de grandes migrações sobre as quais não sabemos nada e levanta a possibilidade de que essas populações podem ter sido extintas.
As pegadas que levaram a essa nova linha do tempo foram formadas numa lama macia nas margens de um lago que atualmente faz parte do parque nacional de White Sands.
Para estimar a “idade” das pegadas, a equipe do Serviço Geológico dos EUA fez a datação do carbono de camadas de sedimentos acima e abaixo das pegadas encontradas. E assim puderam determinar a “idade” das pegadas em si.
Baseados nos tamanhos dessas marcas, os cientistas suspeitam que elas sejam de adolescentes ou crianças que iam e vinham, às vezes acompanhadas de um adulto.
Não está claro para os cientistas o que exatamente essas pessoas estavam fazendo ali, mas possivelmente elas estavam ajudando os adultos numa modalidade de caça que seria vista depois em culturas de indígenas na América do Norte. Ela é conhecida como salto de búfalo e consiste em conduzir animais selvagens até um despenhadeiro.
Esses animais “precisam ser processados num período muito curto de tempo”, explica a paleontóloga Sally Reynolds, pesquisadora da Universidade de Bournemouth (Reino Unido). “É preciso acender as fogueiras, é preciso separar a gordura.” As crianças e os adolescentes ali podem ter ajudado os adultos a coletar água, lenha ou outros suprimentos.
A datação da descoberta é central no debate. Isso porque não é a primeira vez que se anuncia algum novo indício sobre a presença humana anterior nas Américas. Mas praticamente todas acabam sendo contestadas de alguma forma.
Em geral, o debate gira em torno do seguinte: as ferramentas de pedra encontradas em um sítio antigo são de fato o que parecem ser ou se são simplesmente rochas quebradas por algum processo natural, como a queda de um penhasco?
Esses possíveis artefatos às vezes são menos óbvios do que as pontas de lança de 13 mil anos que foram primorosamente trabalhadas e depois encontradas na América do Norte. Daí acaba ficando uma porta aberta para contestações e conclusões definitivas.
“Uma das razões pelas quais há tanto debate é que há uma falta real de dados bastante sólidos e inequívocos. Isso é o que achamos que provavelmente temos agora (sobre a presença de humanos no continente quase 7 mil anos antes do que se pensava)”, afirma o professor Matthew Bennett, primeiro autor do artigo da Universidade de Bournemouth, à BBC News.
“Pegadas não são como ferramentas de pedra. Uma pegada é uma pegada e não pode ser movida para cima e para baixo [nas camadas do solo].”
Embora a natureza da evidência física aqui seja mais difícil de ser descartar ou contestada como uma ponta de lança, os pesquisadores precisaram garantir que a datação fosse literalmente estanque (completamente fechado para líquidos).
Uma complicação potencial apontada pela Science, publicação científica em que os achados foram publicados, nos estágios iniciais da revisão da descoberta, foi o “efeito reservatório”. Isso se refere à maneira com que o carbono antigo às vezes pode ser reciclado em ambientes aquosos, interferindo nos resultados do radiocarbono ao fazer um local parecer mais antigo do que realmente é.
Os pesquisadores, no entanto, dizem que investigaram essa possibilidade e acreditam que ela não seja significativa aqui.
Tom Higham, professor e especialista em datação por radiocarbono da Universidade de Viena, disse: “Eles realizaram algumas verificações nas datas do material próximo ao local da pegada e descobriram que amostras totalmente terrestres (carvão) produziram idades semelhantes às do material aquático que datavam de mais perto das pegadas.”
“Eles também argumentaram, acho que com razão, que o lago devia ser raso na época em que as pessoas andaram por lá, mitigando o impacto dos efeitos do reservatório introduzidos por antigas fontes de carbono.”
Segundo Higham, a consistência dos resultados e o suporte de uma técnica diferente de datação aplicada ao lugar da descoberta reafirmaram a validade dos resultados.
“Acho que, em conjunto, esta é uma sequência de 21.000-23.000 anos”, afirma Higham à BBC News.
As disputas no início da arqueologia americana têm muito a ver com o desenvolvimento histórico do campo científico.
Durante a segunda metade do século 20, surgiu um consenso entre os arqueólogos norte-americanos de que os povos pertencentes à cultura Clovis foram os primeiros a chegar às Américas.
Acredita-se que esses grandes caçadores tenham cruzado uma ponte de terra sobre o Estreito de Bering, que conectava a Sibéria ao Alasca durante a última era glacial, quando o nível do mar estava muito mais baixo.
O nome Clovis era o de um sítio arqueológico assim denominado, descoberto em 1939, também no Novo México. No local, foram encontrados artefatos de pedra lascada, datados de 11,4 mil anos. Segundo essa teoria, defendida principalmente pela comunidade arqueológica americana, a chegada teria ocorrido há cerca de 12 mil anos.
Se de um lado o consenso “Clovis-primeiro” se consolidou, de outro as descobertas de presenças humanas mais antigas acabaram descartados como não confiáveis. Isso levou alguns arqueólogos, inclusive, a realmente pararem de procurar por sinais de ocupação anterior.
Mas na década de 1970 essa ortodoxia começou a ser colocada em xeque.
Na década de 1980, surgiram evidências sólidas de uma presença humana de 14.500 anos em Monte Verde, no Chile.
E desde os anos 2000, outros locais pré-Clovis tornaram-se amplamente aceitos, como o Buttermilk Creek Complex, com 15.500 anos, no centro do Texas, e o local Cooper’s Ferry, com 16.000 anos, em Idaho. Ambos nos Estados Unidos.
Agora, as pegadas do Novo México sugerem que os humanos haviam chegado ao interior da América do Norte no auge da última Era do Gelo.
Gary Haynes, professor emérito da Universidade de Nevada, disse “não ter conseguido encontrar falhas no trabalho que foi feito ou nas interpretações desse artigo, que é importante e provocativo”.
“As trilhas estão tão ao sul da conexão terrestre de Bering que agora temos que nos perguntar (1) se o povo ou seus ancestrais (ou outras pessoas) fizeram a travessia da Ásia para as Américas muito antes, (2) se as pessoas se mudaram rapidamente através dos continentes após cada travessia, e (3) se eles deixaram algum descendente.”
Andrea Manica, geneticista da Universidade de Cambridge, disse que a descoberta sobre as pegadas no Novo México teria implicações importantes para a história da população das Américas.
“Não posso comentar sobre o quão confiável é a datação, porque está fora da minha especialidade, mas evidências sólidas de humanos na América do Norte há 23 mil anos estão em desacordo com a genética, o que mostra claramente uma divisão de nativos americanos de asiáticos em aproximadamente 15 mil a 16 mil anos atrás”, disse à BBC News.
“Isso sugere que os primeiros colonos das Américas foram substituídos quando o corredor de gelo se formou e outra onda de colonos entrou. Mas não temos ideia de como isso teria de fato acontecido.”
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